Sinmed, SES E CET realizam 1º evento pela doação de órgãos

Uma condição avançada do ceratocone estava levando Edilene Souza Lélis Galvão à cegueira. Mas após o transplante de córnea, ela enxerga o rosto das pessoas que ama, pratica corrida, tirou habilitação, faz faculdade e tudo que sempre quis. Já Thábita Ferreira passou a conviver com o diabetes tipo 1 ainda aos 11 anos de idade. Aos 23 teve complicações e chegou ao transplante de pâncreas e rins com 36 kg. O procedimento foi bem-sucedido e a recém-transplantada é só gratidão. Nada de hemodiálise, sem diabetes e a magia de viver com qualidade. E o transplantado Roberto Pina esperou 5 anos por um fígado novo após o diagnóstico de hepatite C. Teve que esperar um tumor diminuir para receber a doação e agora é nadador contratado por um clube da Capital.

Para que histórias de recomeço como essas possam ser replicadas, é preciso que o Poder público, os profissionais de saúde e a sociedade superem barreiras. As filas continuam longas (são 303 pacientes em MS) e ainda há resistência dos familiares em autorizar o processo. Para se ter uma ideia, a alta da negativa familiar no estado chega a 50%, de acordo com a Central Estadual de Transplantes (CET). E legalmente, esse consentimento é exigido quando o potencial doador não se manifestou expressa e validamente a respeito.

A partir desse cenário, a Secretaria de Estado de Saúde, a CET e o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (Sinmed MS) decidiram se unir por mais doações de órgãos, transplantes e vidas salvas. Como ponto de partida dessa parceria, será realizada uma parada para sensibilizar a população sobre o assunto no próximo sábado (1/02), na esquina da Afonso Pena com a 14 de julho (sentido centro aeroporto), das 8h às 11h.

“Pretendemos realizar eventos sobre o assunto durante todo o ano de 2020 e não somente no Setembro Verde, tamanha a importância da causa abraçada pelo sindicato. A conscientização e participação dos médicos trarão grandes possibilidades de ampliação do número de transplantes no estado”, considera o presidente do Sinmed MS Marcelo Santana Silveira.

Avaliação creditada pela coordenadora da CET Claire Miozzo que explica que o processo de morte encefálica começa no pronto socorro, na UTI e nas urgências e emergências, e o médico está lá e precisa estar ciente da sua importância. “Além disso, as famílias precisam de acolhimento, humanização que envolve médicos, enfermeiros e assistentes sociais para aumentar a notificação de morte encefálica e o número de doadores”, complementa.

Também segundo a coordenadora da CET, em 2019 foram feitos em Mato Grosso do Sul 205 transplantes de córnea, 21 de rim, 2 de osso, e somados 52 doadores. Já em relação a órgãos e tecidos enviados para outros estados, os dados apontam: 5 corações, 33 córneas, 20 fígados, 2 pâncreas e 76 rins.